
Autor:
Luiz Raul Machado
Ano:
2012
Editora:
Galera Record
Páginas:
129
Um patchwork de ideias, costuradas habilmente com o fio delicado da literatura. Luiz Raul Machado reúne nesses contos, quase crônicas, todas as dimensões e texturas do branco. São histórias, maduras literariamente, ligadas pela contradição inerente ao branco: será mesmo invisível? Ou a soma de todas as cores? O branco que marca, desbota, magoa ganha contraste nesses pequenos extratos do cotidiano. Traz emoções, que desfilam em páginas, brancas. Repletas de possibilidades, carregadas de palavras.
Eu adorei esse livro, ele é tão
fofo. E é repleto de contos e ilustrações. As texturas do branco são Neve,
gelo, gesso, papel, transparente, areia, sujo, pérola, prata, esmalte, cristal
e marfim e todos juntos se justapõem e contrapõem num bordado capaz de mesclar
ausências, lembranças, recomeços, alegrias.
O branco que marca, desbota,
magoa, ganha contraste nesses pequenos extratos do dia a dia. Na transparência
do fim do amor, no desespero da loucura, no sorriso que fere ou, ainda, no
vazio deixado pela morte. Cada uma dessas pequenas aventuras guarda em si as
possibilidades de um arco-íris. Em seu inexorável colorido, o autor disseca as
diferenças, contextualiza sentimentos.
Este livro é uma colcha de retalhos. Irregulares, diferentes, nuançados. E brancos.
Vocês lembram do conto que
contei no instagram?
Então ele tem
continuação....
Neve
A professora estava ficando
inquieta. Todas as crianças enchendo as folhas brancas com todas as cores dos lápis,
das tintas, das aquarelas. E aquele ali só usando lápis branco, tinta branca,
giz branco. Dos papeis das crianças surgiam arvores, bichos, monstros, sóis,
bruxas, meninos, bonecos, nuvens, rabiscos, carros, coisas de todas as cores.
Da folha em branco menino não surgia nada. E ele trabalhava com afinco. Horas a
fio. Branco sobre branco.
A professora chamou o
diretor, que era artista. Ele ficou observando o menino. Antes de falar ou
perguntar qualquer coisa, se agachou ao lado da criança. E viu
A incidência da luz sobre o
papel na altura do olhar do menino permitiu que o artista visse. Um mundo de
arvores, bichos, tudo. Um mundo de coisas na neve do papel. Até um arco-íris.
Branco